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sobre mim

o ponto de partida

Toda vez que alguém vai contar sobre sua própria história, precisa escolher um ponto de partida. Quais são as informações realmente importantes e que deveriam ser compartilhadas com um desconhecido?

Se você estiver em uma entrevista de emprego, vai falar sobre assuntos relacionados a sua carreira. Se estiver no parquinho e puxar papo com a mãe de uma outra criança, provavelmente vai falar sobre assuntos relacionados à maternidade. Se estiver na balada, conhecendo alguém interessante, vai falar tudo o fizer com que você pareça a pessoa mais incrível do mundo.

Eu me chamo Lívia Conti. Tenho 39 anos, nasci em Araraquara, mas nunca morei lá. Esse é um fato curioso que é o ponto de partida da minha própria história. Tenho no meu RG “Araraquara” como cidade natal e nunca tinha parado pra pensar “por que é que eu nasci lá se nunca morei lá?”.

Eu passei muitas férias em Araraquara durante a minha infância. Subi em muito pé de goiaba, comi muita manga verde com sal, aprendi a andar de bicicleta, entre tantas outras vivências que só o interior pode proporcionar para uma criança.

Mas foi só na adolescência que eu me dei conta que aquela cidade no meu RG era um fato estranho. Por qual motivo minha mãe foi até outra cidade só para eu nascer?

Quando eu era criança, o lugar que eu nasci não era um fato curioso, muito menos importante. Conforme cresci, percebi o quanto a história dos meus pais também era importante para que eu pudesse entender a minha própria história.

Meu pai nasceu na Itália e se mudou para o Brasil aos quatro anos de idade. Quando eu fiz o meu processo de cidadania italiana, aos 22 anos, me deparei com vários documentos antigos. E um deles foi o passaporte da minha avó paterna, da época que eles migraram para o Brasil.

Aquele passaporte me fez olhar essa história sob uma nova perspectiva. Meus avós eram dois jovens, viajando com 3 crianças a bordo de um navio, com destino a uma vida desconhecida do outro lado do oceano.

CARAMBA. Imagina viajar de navio com 3 crianças, sem internet, sem google, sem whatsapp e sem saber ao certo o que você vai encontrar?

Já pelo lado da família da minha mãe, a história é outra. Diz a lenda que a minha bisavó era filha de um fazendeiro rico, que se apaixonou pelo capataz e fugiu com ele. Acabou sendo deserdada por isso. Ficou viúva cedo, com quatro crianças pra cuidar. Minha vó era uma delas. Acabou que minha avó, diferente da irmã que ficou em Araraquara, foi parar em São Paulo. E lá, comprou uma casa, quando já estava casada com o meu avô.

Os detalhes dessa compra eu deixo para outro momento, mas o fato é que esse foi o quintal onde eu passei boa parte da minha infância. A ameixeira (que ali existe até hoje) foi cenário de muitas brincadeiras com meus primos. O pé de limão cravo rendeu muitos sucos deliciosos que guardo até hoje na memória. A casa da minha vó foi cenário de várias partidas de carteado. Eu aprendi a jogar baralho na pré-adolescência e passei bons anos participando dos torneios junto da velha guarda. Que tempos bons.

A história de quem veio antes e que faz parte do nosso círculo de convivência molda a nossa própria história. Nossa trajetória é uma combinação de tudo e todos que vieram antes, somado aos caminhos que fomos escolhendo abrir com o passar do tempo.

Eu tive uma infância feliz. Uma adolescência até que de boas. Estudei loucamente pra passar na faculdade e me formei em administração na Usp. A universidade foi muito importante para eu descobrir que o mundo era muito maior do que o meu bairro. E foi ali que eu encontrei a oportunidade de estudar fora e fazer um semestre de estudos na França. Aliás, acasos do destino: foi também nesse período que conheci Leandro, que de amigo acabou se tornando meu marido alguns anos depois.

De lá pra cá eu trabalhei por nove anos em uma multinacional. Tive a oportunidade de passar marketing e finanças, viajei por várias cidades do Brasil e aprendi muitas coisas que não teria aprendido se não fosse por estar ali.

Depois que a minha filha nasceu, em 2014, eu decidi trabalhar com fotografia. E a partir daí fotografei eventos de família, empresas, arquitetura entre outros trabalhos. Ao longo do tempo percebi que a fotografia era muito mais do que meras imagens bonitas. Fotografia é uma poderosa ferramenta de comunicação. O que você quer mostrar? Do que você quer se lembrar?

E foi ao longo dessa jornada que eu criei o curso Storytelling de Memórias Afetivas. Porque, no fundo, fotografia de família é sobre preservar as memórias mais importantes. E, por mais que seja incrível ter um fotógrafo em algum momento do ano junto com você, ele não substitui as fotos cotidianas que você faz da sua família. E a combinação de todas essas fotos é que realmente faz com que o seu álbum seja mais completo e especial.

Eu poderia trazer muitas outras passagens da minha história. Mas na verdade, eu quero aproveitar esse espaço para falar também sobre você.

Então encerro aqui com uma pergunta para você refletir: se você fosse montar o álbum da sua história, quais fotos colocaria dentro dele? O que gostaria de rever?

Eu espero que você olhe para a sua própria história sob uma nova perspectiva. E que, claro, faça um álbum de fotos pra preservar o que tiver de melhor 😉